Ela não se cansava de dizer a quem quisesse ouvir , mudar pro interior a fez remoçar 10 anos no mínimo , "Cidade grande mata aos poucos" repetia com convicção, mas nem tudo são flores no interior por mais conflitante que a frase pareça, muitos insetos e o mato que nasce até em cima do asfalto e , agora a nova aquisição da vizinha, um pequeno galinheiro.
Os primeiros dias foram poéticos ouvindo o galo bater no peito e fazer alvoroço ás 5h15 da manhã, mas depois de uma semana estava difícil suportar , sem contar uma galinha como essas que desfilam no carnaval , querendo todos os holofotes em sua direção , os ruídos emitidos pela penosa podiam ser ouvidos a quarteirões, a princípio pensou em se abrir com a vizinha, mas desistiu , era gente muito simples e na semana passada mesmo veio com um balde cheio de mangas oferecendo com um sorriso estampado no rosto.
Conversando com uma prima por telefone contou seu drama, "O que fazer diante do barulho e o cheiro de galinheiro que infestava sua cozinha?", recebeu então uma dica politicamente incorreta mas que fatalmente surtiria algum efeito , conseguir um gato ou dois , bem criados, já fortes para fazer uma "limpa" no quintal alheio, e assim foi feito, na calada da noite trouxe dois bichanos esfomeados e durante a madrugada fez com que conhecessem as "guloseimas" no terreno ao lado, se galinha não voa tenha certeza que naquela hora elas até que tentaram , o barulho intenso acordou os vizinhos que contabilizaram o estrago, quatro integrantes de seu condomínio das galinhas cantaram pra subir literalmente , estavam estraçalhados, acharam estranho o fato de gatos na redondeza, nunca foram vistos antes, como matutos desconfiados começaram a perguntar pra vizinhança e ouviram Dona Lourdes que confessou ter visto por detrás de sua janela a vizinha paulistana trazendo dois gatos a noite no carro .A partir desse dia a relação ficou altamente estremecida, sorrisos e mangas nunca mais e as galinhas mortas entre elas a mais vedete foram substituídas à altura.
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