Apesar do nome lembrar alegórico, Olegário detestava tudo que fosse ligado ou remetesse a Carnaval , sua fobia era tão intensa que nos dias de momo refugiava-se num mosteiro budista onde praticava diuturnamente meditação transcendental , mas como casamento as vezes é uma junção de opostos , Nereide sua mulher era totalmente o oposto, carioca nascida em Madureira , não podia ouvir um surdo , uma cuíca que suas pernas começam a sambar , ela já havia avisado "Esse ano não vou passar em branco" não iria desfilar em nenhuma escola mas faria questão de ir em algum baile de clube nos cinco dias de folia,
Depois de muita discussão ele decidiu não forçar a mulher a acompanha-lo no mosteiro esse ano novamente, mas o problema maior era como e com quem deixar aquele monumento, solta e sozinha em pleno carnaval , depois de observar as possibilidades que se apresentavam, resolveu falar com o vizinho que poderia acompanha-la nas noites as vezes perigosas de folia, ele havia acabado de fazer 18 anos e estava namorando a filha do Delegado, parecia um cara centrado e muito serio, sem titubear o vizinho aceitou a incumbência além de levar, vigiaria e traria de volta sã e salva a foliã Nereide.
Já bem distante com sua meditação, Olegário estava tranquilo tinha feito uma boa escolha, a mulher estava em ótimas mãos, já ela estava preparada pra primeira noite, com shorts jeans desfiado bem curto, uma camiseta branca deixando a barriga a mostra esperava na porta o vizinho , não demorou e ele apareceu juntamente com a namorada, entraram todos no carro e foram pro baile ,mas as vezes a vida conspira para que uma grande sacanagem aconteça ,comparar as duas era covardia ,a vizinha uma mulher feita de 1,70m corpo moldado com horas de samba e academia , a namorada mal tinha acabado de sair da forma e da fralda , tinha o que se pode chamar de uma bunda triste, pernas finas e brancas , além de ciumenta muito atenta, percebia o cuidado dele com a vizinha , seu olhar para as pernas morenas e roliças quando ela sambava com um sorriso escancarado no rosto, mas da segunda noite em diante a menina não foi mais, brigaram feio, todos os olhares e atenções agora se voltavam pra Nereide que sabia que provocava o vizinho e fazia isso com dedicação e profissionalismo , depois do baile ela o convidou para uma vitamina especial com a intenção de recuperarem a energia para a outra noite, era tudo que ele queria ,e o fortificante realmente era de primeira, tanto que ele se recuperou quase que imediatamente e tiveram um noite de Carnaval a dois inesquecível.
Na terça gorda , Olegário chegou inesperadamente queria fazer uma grande surpresa , iria com a mulher no último dia de folia, suportaria sem reclamar aquela multidão suada e bêbada e o batuque selvagem e ensurdecedor , tudo por amor, ao entrar em casa pela manhã na ponta dos pés, viu a cena que jamais sairia da sua memória , na cama a sua Nereide brincando de porta bandeira com o mastro do vizinho na mão.
vai quem pode !
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