Aos 67 anos ele se refugiou em uma floresta próxima a Quebec, se dizia feliz e completo , foi descoberto ao acaso por um produtor da TV do Canadá que teve absoluta certeza ao vê-lo que daria uma excelente e inédita matéria, foi designada juntamente com a equipe Ellen Hooper repórter das mais experientes, incumbida de conseguir o maior número de informações e curiosidades possível do misterioso ermitão.
A dificuldade inicial foi chegar no chalé do ancião ,uma vez conseguida a proeza a entrevista tem início sem nenhuma relutância ou imposições do entrevistado:
- Por que resolveu se distanciar tanto da civilização , o que levou a tomar essa decisão extrema?
"Antes de mais nada , muito obrigado por se lembrarem de mim , devo confessar que era um plano antigo, desde os meus 25 anos vinha amadurecendo a ideia, via as relações mal resolvidas de casais e famílias inteiras ,as pessoas se suportando no limite da insanidade completa, somente para não ficarem sozinhas , e notava que essa obrigação da convivência era a desencadeadora de todo o mal e doenças físicas e psicológicas, como amo primeiro a Deus e segundo a mim mesmo, fiz o melhor e escapei dessa malfadada sina"
- Mas nem todos convivem em pé de guerra, ainda existem casais e famílias onde o amor impera?
"Em momento algum neguei isso, até tive momentos bem agradáveis e os guardo com todo o carinho na lembrança, mas as relações se desgastam e quando se tornam uma imposição sem nenhum prazer e só a obrigação temos que nos livrar dela"
- Pela segunda vez o Senhor usa a expressão obrigação, foi alguma vez obrigado a conviver com alguém?
"Bem observadora a cara repórter, a sociedade nos pede um posicionamento, temos que parecer normal para os olhos dela , creio com toda a convicção que existem pessoas como eu que preferem a própria companhia a dos outros, ou de uma esposa ou de um marido, mas não conseguem se livrar do fardo pesado da aparência e acabam doentes antes do tempo levando ao extremo uma relação sem troca, praticamente morta"
= Vi um livro na sua estante de um mestre indiano , acredita em reencarnação em outras vidas?
"Gosto e estudo esse assunto desde menino, seria interessante que depois da morte não houvesse nada, um apagar de luzes permanente e sem explicações , Deus não nos deve explicação alguma, como criador absoluto tem todo o direito de desfazer sua criação , não nos deve satisfação, mas posso afirmar que sobreviveremos a morte física, mas a reencarnação é um engano , uma bobagem , jamais existiu, repare com atenção nunca depois de uma regressão de memória alguém voltou afirmando que era um serviçal ou um varredor de ruas em Manhatan, um garçom numa cantina de subúrbio, todos foram reis ou rainhas, Napoleão ou Cleópatra , o que acontece é que os chamados médiuns são enganados pelo inconsciente coletivo, estamos todos interligados mesmo com aqueles que já morreram a muito tempo, somos portadores de uma memória eterna "
- E com relação a psicografia , sensitivos que escrevem cartas de pessoas falecidas e as entregam as famílias com a mesma caligrafia e com segredos que poucos sabiam?
"Os chamados médiuns tem uma sensibilidade mais aflorada, podem captar o que se está pensando, conseguir até mesmo telepaticamente informações que você mesmo já esqueceu, pode parecer estranho mas existem entidades querendo desviar o maior número de pessoas possível da verdade, são ricos em artimanhas , conseguem até incorporar um sensitivo e falar com a voz de um falecido, de um ente querido, infelizmente médiuns e consulentes são todos enganados"
- No que o Senhor acredita?
"Acredito que somos parte de um todo, como fatias de um mesmo bolo, o maior poder que conseguimos nessa curta passagem é o que aprendemos e guardamos , quem nada aprendeu jogou fora uma chance, talvez a única, não que sua ignorância será cobrada por alguém mas a falta de sabedoria irá pesar depois , é como na faculdade quem aprende com afinco se torna um ótimo médico, o contrário disso pode até colocar a vida das outros em risco"
- Por último poderia dar um conselho de como viver melhor?
"Quem sou eu para aconselhar? Mas acredito que a felicidade persegue quem não trapaceia consigo mesmo, seja livre sem que sua liberdade interfira na vida dos outros , e muito menos que os outros interfiram na sua liberdade, não se prenda a convenções e nem mude para agradar a opinião pública a menos que queira se candidatar a algum cargo eletivo, sejam felizes"
o último refúgio
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