sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Animador de loja



                                      Ele acalentava  um sonho a tempos,   ter um programa de rádio, Emílio era mais um matungo vindo do interior achando que a capital era a Disney dos sonhadores, sua voz não era de toda ruim, um  grave de fumante , a chamada voz de barriga ,  mas que se colocada ao lado de outra natural ficaria sendo só mais um timbre levemente abarítonado  , foi aconselhado por amigos a fazer uma serie de testes nas emissoras  e pra se preparar lia o jornal de cabo a rabo  em voz alta.


                                  Ao todo foram quinze emissoras visitadas , desde as populares AM  até as FMs mais sofisticadas , passados vinte dias nenhum  telefonema  ou novidade vindo delas, o dinheiro que trouxe das economias de sua mãe já estava acabando, foi quando ao passar no centro da cidade observou os locutores de loja , que chamavam os clientes para  ver as ofertas e divulgavam os preços e promoções , pensou que além de ser um ótimo treino e diário , conseguira com o cachet se manter até o convite  de alguma rádio. Passou por duas lojas e conversou com os respectivos donos, uma já tinha um palhaço  que a três meses fazia o serviço, a outra realmente estava a procura de um animador, inclusive já havia comprado todo equipamento de som, parece que a maré começava a melhorar, ventos favoráveis conseguiram tirar um sorriso do sonhador.

                          
                              Já haviam acertado o início dos trabalhos para segunda feira , seria R$ 50  por dia ,  já nas primeiras locuções  o sucesso foi sentido , o movimento da loja cresceu em 60% depois que suas ofertas foram divulgadas pelo sistema de som potente, e as caixas acústicas estrategicamente colocadas na fachada, mas sem querer Emílio arrumou um inimigo, Serginho estava de olho na vaga de animador desde quando ficou  sabendo da compra do amplificador e microfone sem fio pelo dono, foi  decepcionante  ver a figura magra e com sotaque do interior no seu lugar, sagaz  teve uma ideia , na primeira parada do dia , seguiu Emílio até o restaurante onde  almoçava  , inciou uma conversa e teve ai um começo de amizade, todo dia no almoço ou no fim de tarde passava para uma cerveja e um papo , foi quando Serginho descobriu finalmente como derrubaria o opositor, com uma aposta , uma das filhas do dono tinha entrado de férias e Emílio ainda  não a conhecia , era bem obesa e ele propôs o seguinte " Tá vendo aquela garota de azul que vem descendo a ladeira, é minha ex, te dou R$ 200 reais agora se chamar ela pra ver as ofertas, mas tem que chamar pelo apelido carinhoso que ela adorava quando estávamos juntos, Olga Orca" sem pensar duas vezes com sua ingenuidade interiorana e muito  interessado no dinheiro, ele fez o combinado. Hoje Serginho faz as locuções da loja , e Emílio depois de quase apanhar do dono voltou assustado pra São Carlos.    


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