quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O cão falante



                                   Quando o telefone tocou naquela manhã de sábado , era para avisar que a ninhada de Lara  a sheep dog  já estava a disposição, todos os filhotes saudáveis e com valor único, tanto machos como fêmeas , Harold imediatamente foi a Pet Shop e voltou com Rufus que fez questão de batizar ainda no caminho de casa, o cão  foi crescendo e com o tempo se percebeu que ficava sempre de boca aberta, mesmo quando não estava tão quente , o veterinário consultado informou que era uma peculiaridade dele , e que não poderia ser mudada, mas não traria nenhum mal ao cão,  logo ele cresceu mais ainda e se mostrou estabanado como os demais da raça,  sem noção nenhuma do seu tamanho.

                               Marvin o primo viria passar uma temporada na cidade, estudante de engenharia  eletrônica  e professor pardal renomado, capaz das invenções mais estapafúrdias , mas que sempre  funcionavam  , quando chegou  , ainda no caminho da rodoviária o assunto foi Rufus,  o filhote que se mostrava esperto e obediente  a cada dia , mas desastrado  demais, quebrou um vaso da dinastia ming que pertenceu aos antepassados da família , e Harold  se viu obrigado a mandar fazer uma réplica de cerâmica pra que ninguém, percebesse. Assim que  chegaram em casa,  Rufus fez  festa pra Marvin como se o conhecesse a tempos, vendo o cão ele tem  uma ideia brilhante, estava desenvolvendo um receptor  de FM portátil  com alto falante, e ajustando a frequência de um  microfone sem fio era possível transmitir o som a mais de 50 metros, porque  não adapta-lo a coleira de  Rufus e passar  alguns trotes como se ele falasse? Harold pensou mais longe,  se funcionasse  poderiam  apresenta-lo  nesses programas populares de gosto duvidoso , mas que sempre pagam bem por  novidades , Começaram os testes, a boca aberta tempo integral do Rufus ajudava , ligaram o minúsculo rádio ajustaram a sintonia do microfone e Harold se escondeu e começou a falar,  foi perfeito o som saiu claro, cristalino, aprovado.

                         Começaram então a maratona de inscrições  nas emissoras de TV, primeiro nas locais, mas devido ao sucesso imediato ajudado pelo carisma natural do cão, logo se tornaram  conhecidos Coast to Coast, mas  a recomendação sempre é que os apresentadores dos programas não colocassem o microfone próximo a boca do cão, isso o inibia ,  na verdade era uma forma de disfarce pois a voz saia da coleira, Rufus virou uma febre, manchetes nos jornais "O cão que fala mamãe" Harold e Marvin pareciam ter descoberto a galinha dos ovos de ouro, já tinham em mãos propostas de filmes publicitários e até um roteiro de Hollywood.

                      Domingo o convite era para um programa ao vivo , de uma das maiores redes de TV do pais, foram chamados ao  centro do palco Harold e seu cão falante, e escondido na coxia  Marvin e seu microfone sem fio, depois das mesmas perguntas idiotas de sempre, que todo comandante de programa popular de auditório  parece que faz questão de fazer, parecendo uma cláusula contratual , chegou  o momento crucial de Rufus falar mamãe, todos de olho no simpático animal , mas não se informaram como deveria ou deixaram esse detalhe importante escapar , no mesmo prédio funcionava  uma emissora de FM e ao invés de  sair mamãe da "boca" de Rufus começou a tocar música , até que veio a hora certa e o prefixo da rádio, foram desmascarados ali mesmo ,  Harold e Marvin mesmo depois da morte de Rufus  são vistos como os maiores enganadores da America , trambiqueiros pra cachorro.     

                                                             cúmplice da enganação 

                              
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