segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Fugindo da Maria Gasolina!


                                     O tipo sempre existiu, décadas atrás era chamada Moça Casadoira , a que não se importava com sentimentos ou afinidades , seu objetivo máximo na vida era conseguir um marido com muitos bens, mas ao contrário do que se pode pensar , ela ainda existe nos dias de hoje , a mesma espécie com pequenas variações tem o nome de Periguete ,e nos anos 70/80 tinha uma interesseira mais light chamada de Maria Gasolina, suas pretensões não chegavam ao patamar do casamento .se contentava em dar uma volta de carro até o Drive in ou Motel mais próximo, mexer no som, colocar os pés no painel e se possível com a janela aberta  mostrar pras amigas que estava dentro de um possante último modelo.  

                                   Drica era assim, adorava uma caranga,  não importava muito quem dirigisse, sendo um carro que aparecesse e  causasse inveja e impacto ao mesmo tempo, usava todo o seu suposto charme para dar uma volta , mesmo que isso lhe custasse um  pit top numa quebrada mais próxima,  e andou em todos os carros da moda, de Maverick V8 a Brasilia rebaixada, Drica era o terror da Lapa.

                                  Quando o Opala preto passou na sua rua ela da janela ouviu o ronco , o coração chegou a pulsar mais forte , era um legítimo 6 cilindros saído da loja de acessórios, e  com umas rodas gaúchas de parar o trânsito, Drica desceu as escadas do sobrado correndo, quase tropeçando nas pernas para ver quem era, mas o carro dos sonhos havia virado a esquina e desapareceu, ela por dias ficou com aquele ronronar do motor na  cabeça, se imaginava sentada naquele banco de couro, dando uma volta interminável e quem sabe depois um pit stop interessante, logo pela manhã foi comprar pão a pedido da  mãe, e em  frente a padaria o Opala preto , mas de quem seria? Esqueceu do pão e ficou de plantão esperando o dono aparecer,  que depois de minutos surge, um  baixinho calvo ,era o contador do bairro que prestava serviços a vários lojistas e comerciantes, ela não se importou com o tamanho compacto do dono do reluzente carro , e iniciou uma conversa que acabou resultando  num encontro sábado a tarde, ele passaria na sua casa e buzinaria, foi assim que Drica quase ordenou.   

                              Sábado chegou e assim que ouviu a buzina ela desce numa calça jeans que certamente foi costurada no corpo, quando entrou no carro sua pressão arterial e batimentos cardíacos chegaram no limite de um colapso, ele quis ligar o ar e fechar os vidros, Drica não deixou, como a veriam dentro daquela máquina com as janelas fechadas? Ele esticou  o passeio foram  parar na Serra da Cantareira, dentro de um matagal ermo e ao mesmo tempo seguro, fizeram uma parada estratégica como a muito tempo ele não via  , Drica era uma expert em espaços considerados não apropriados para arte do amor, poderia até dar aulas, olhou no relógio 18h30 já tinha escurecido , mas o carro não pegava, o som ficou o tempo todo ligado e a bateria não aguentou, sem ter como pedir ajuda, disse pra  ela descer e empurrar , o que foi negado de imediato , ele foi enfático " Você não sabe dirigir, eu não posso  empurrar e fazer ele pegar ao mesmo tempo, sai e empurra ou vamos ter que dormir aqui" bem contrariada ela saiu e começou a empurrar,  o carro pegou embalo foi engatado uma segunda , finalmente pegou depois uma terceira, uma quarta marcha , e a menina interesseira se julgando  muito esperta foi deixada na escuridão.



                                                                          é roça !


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